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Alimentos do Futuro: Carne de Laboratório e Agricultura Vertical

Em um mundo onde a população deve chegar a 10 bilhões até 2050 (ONU) e as mudanças climáticas ameaçam safras tradicionais, repensar como produzimos comida não é uma opção — é uma urgência. Enquanto a pecuária responde por 14,5% das emissões globais de gases de efeito estufa (FAO), tecnologias como carne cultivada em laboratório e agricultura vertical surgem como alternativas para alimentar o planeta sem esgotar seus recursos. Neste artigo, exploramos como o Brasil está se posicionando nessa revolução alimentar e os desafios para tornar essas inovações acessíveis.

Carne Cultivada: O Futuro da Proteína Animal

O Que É Carne Cultivada?

A carne cultivada é produzida a partir de células animais extraídas por biópsia, cultivadas em biorreatores com nutrientes como aminoácidos e vitaminas. O processo elimina a necessidade de abate, reduzindo o sofrimento animal e o uso de terras em até 95% comparado à pecuária tradicional.

Avanços no Brasil

JBS BioTech, divisão de inovação da gigante brasileira, inaugurou em 2023 seu centro de pesquisas em São Paulo, focado em reduzir o custo da produção — hoje em torno de US$ 50 por quilo. Em parceria com a Embrapii e startups como a Cellva, a empresa busca desenvolver ingredientes não-animais para nutrir as células, como proteínas de microrganismos.

Desafios e Perspectivas

A regulamentação é um entrave. Em abril de 2024, a Anvisa publicou a Resolução RDC Nº 839, que exige testes rigorosos de segurança para aprovar produtos cultivados. Paralelamente, setores da pecuária pressionam contra a tecnologia: em 2023, a Frente Parlamentar Agropecuária propôs proibir o uso do termo “carne” para produtos cultivados.

Agricultura Vertical: Revolucionando a Produção Urbana

Conceito e Benefícios

Fazendas verticais são estruturas indoor com cultivos em camadas, usando iluminação LED e hidroponia. Elas consomem 90% menos água que a agricultura tradicional e permitem colher até 20 ciclos por ano, segundo a Associação de Agricultura Vertical do Brasil. Em cidades como São Paulo, reduzir a distância entre produtor e consumidor diminui emissões do transporte em 40%.

Inovações Tecnológicas

A startup BeGreen, em Minas Gerais, automatizou 80% do processo com robôs que monitoram pH e nutrientes. Já a Mighty Greens, no Rio, cultiva folhosas em contêineres com IA que ajusta luz e umidade conforme a previsão do tempo.

Aceitação Cultural e Percepção do Consumidor

Uma pesquisa do Datafolha em 2024 revelou que 58% dos brasileiros não experimentariam carne cultivada por associá-la a “alimento artificial”. Para mudar esse cenário, empresas apostam em transparência: a Cellva disponibiliza tours virtuais de seus laboratórios, enquanto a BeGreen vende mudas de ervas para engajar clientes.

Regulamentação e Políticas Públicas

Além da Anvisa, o Ministério da Agricultura debate a inclusão de alimentos cultivados no Plano Nacional de Bioeconomia. Projetos como o Lei 2.546/2022 propõem incentivos fiscais para agricultura vertical, mas enfrentam resistência de deputados ligados ao agronegócio tradicional.

Perspectivas Futuras

O mercado global de carne cultivada deve atingir US$ 25 bilhões até 2030 (McKinsey), e o Brasil tem potencial para liderar na América Latina. Já a agricultura vertical pode suprir 30% da demanda por hortifrútis nas capitais até 2035, segundo a Embrapa.

Conclusão
Carne cultivada e agricultura vertical não substituirão totalmente métodos tradicionais, mas são peças-chave para um sistema alimentar resiliente. Enquanto startups brasileiras inovam, é preciso pressionar por políticas claras e investimentos em pesquisa.

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